Sinopse

Rui Lopes Graça e Victor Hugo Pontes voltam a criar para a CNB para o elenco da Companhia.


ANNETTE, ADELE, E LEE

 

Annette, Adele, e Lee é o título da nova criação de Rui Lopes Graça com João Penalva para a Companhia Nacional de Bailado.

Os três nomes próprios que constituem o título poderão sugerir um triângulo amoroso, mas este não é um bailado narrativo. São, na verdade, os nomes dos três bailarinos de sapateado que, contratados para dançar num estúdio de gravação de som, deram origem ao material com que David Cunningham compôs o som para este bailado.

Os bailarinos que vemos, de formação clássica, dançam ao som dos seus colegas do sapateado. Quanto a esses, os que não vemos, poderemos apenas imaginá-los e perguntar como serão. No entanto, os trinta minutos de grande complexidade de padrões sonoros e coreográficos — em que a presença dos três bailarinos é contínua — tornarão memoráveis os seus nomes.

Poder-se-ia dizer que Annette, Adele, e Lee é, afinal, uma história de bailarinos.

Rui Lopes Graça e João Penalva,
abril de 2019


MADRUGADA

 

A hora do dia – da noite? – em que a máquina do tempo parece mais perfeitamente equilibrada é também a hora mais excessiva. Lusco-fusco, exaustão do corpo, fim de festa, regresso à luz. Dançar a noite toda. No fim o corpo já não pensa, só reage. Todos juntos no escuro: a música, os olhos, as histórias, os tropeções, o corpo suado. Todos consigo mesmos: os olhos fechados, ver muito para dentro, por dentro, o corpo frenético. A noite é de todos, mas a dança é cada vez mais íntima, sozinha. À volta, tudo parece desfocado, tudo parece possível. Sair do próprio corpo, como se os pés deixassem de tocar no chão. Um transe, a máquina do tempo engasga-se. O lugar é difuso, fica algures entre o céu e a terra. «Um leve tremor precede a madrugada»: a hora excessiva acaba depressa, chega o dia, ilumina-se o palco, a ilusão esfuma-se, como se tudo pudesse não ter sido. Por cada madrugada límpida há uma madrugada onde cabe quase todo o escuro das noites em que não se sabe nada do que aconteceu.

Victor Hugo Pontes,
abril de 2019

Ficha Técnica

Annette, Adele, e Lee
João Penalva e Rui Lopes Graçaconceito
Rui Lopes Graçacoreografia
João Penalvaespaço cénico e figurinos
David Cunningham som
Nuno Meiradesenho de luz
MADRUGADA
Victor Hugo PontesCoreografia e figurinos
Rui Lima e Sérgio MartinsMúsica original
F. RibeiroCenografia
Wilma MoutinhoDesenho de luz
Vera SantosAssistência do coreógrafo

Elencos

Annette, Adele, e Lee
Andreia Mota
Francisco Sebastião
Inês Moura
João Pedro Costa
Leonor de Jesus
Miguel Esteves
Raquel Fidalgo
Shang-Jen Yuan
Shiori Midorikawa
Tatiana Grenkova
Tiago Coelho
MADRUGADA
- a peça foi desenvolvida e tem a interpretação de:
Aeden Pittendreigh
Africa Sobrino
Almudena Maldonado
Francisco Couto
Gonçalo Andrade
Henriett Ventura
Inês Ferrer
Lourenço Ferreira
Michelle Luterbach
Miguel Ramalho
Nuno Tauber
Paulina Santos
Ricardo Limão