Sinopse

“Nisto erramos: em ver a morte à nossa frente, como um acontecimento futuro, enquanto grande parte dela já ficou para trás. Cada hora do nosso passado pertence à morte.” Séneca

Nós como futuro é o gesto de desenroscar da consciência de Deus, como se fosse uma serpente que rasteja mansa e subtilmente até amanhã – quando um corpo se move, ocupa um espaço, sempre, o espaço presente. Se um corpo se movesse e fosse o seu movimento visível (como na fotografia, o arrastamento) esse espaço invisível mas perceptível entre dois pontos é o corpo que caminha para o futuro: o futuro é, por isso, um caminho e não um espaço, ou um lugar, ou uma zona. Sempre que nos deslocamos: há futuro. A dança é uma construção nitidamente futura. Nós, aqui, e um sem número de tempos das rochas lá fora e das células cá dentro: antes e depois de nós a ser o mesmo – e é preciso olhar- se para dentro da eternidade que reside em cada corpo, cada corpo é eterno; é preciso olhar-se e dançar- se no limite da possibilidade de derivar o próprio tempo que é a arte: estar presente como simulacro de uma vida inteira.

Daniel Gorjão
maio 2019

Ficha Técnica

Daniel GorjãoDireção Artística, Plástica e Coreográfica
Sara CarinhasDramaturgia
Maria CarvalhoAssistente de Movimento
Miguel Lucas MendesMúsica e desenho de som
Sara GarrinhasDesenho de Luz
João Villas-Boas e artistas da CNBInterpretação