Sinopse
Em 2018 Tânia Carvalho trabalha pela primeira vez com a CNB que, para além de produzir e apresentar uma nova criação, remonta duas peças da coreógrafa para o seu repertório, entre as quais “A Tecedura do Caos”, de 2014, estreada na Bienal de Dança de Lyon.
A TECEDURA DO CAOS
2014
O corpo da Odisseia de Homero, olhado como o objeto monumental que representa por princípio algumas das leis fundamentais da poesia épica, é o de um percurso infinito de regresso que conduz a um reencontro e, por fim, a uma espécie particular de redenção do seu herói. A sua forma escrita põe em cena a fusão de uma crença inabalável e dos obstáculos que se erguem à sua frente, de uma esperança confiante e da dor trazida pela espera angustiada da união final. A sua forma movente, em contrapartida, quer traduzir esta intimidade do anseio e da luta constantes num abismo que é forçado a tornar-se um caos vivo. (…) A possessão que se apodera dos corpos aumenta até ao limite do tumulto e da loucura, até que se dissolve de novo e cede, entrega-se ao seu próprio desaparecimento. É a pura reciprocidade da eclosão e do apaziguamento. Assim é a consciência perplexa e frenética da dança, mesmo quando procura esquivar-se à sua vocação divina: ela persegue ainda, como é dito algures na Odisseia, o ato de percutir, de bater com os pés faiscantes no solo sagrado – mas agora virado do avesso e posto fora de si.
Bruno Duarte
2014
Ficha Técnica
Tânia Carvalho | Coreografia e direção |
Ulrich Estreich | Música |
Aleksandar Protic | Figurinos |
Zeca Iglésias | Desenho de luz |
Jorge Santos | Cenografia de luz |
Marta Cerqueira | Remontagem |
Artistas da CNB | Interpretação |