Clara Andermatt

Biografia
Considerada uma das pioneiras do movimento da Nova Dança Portuguesa, a carreira de Clara Andermatt revelou, ao longo dos anos, uma identidade particularmente singular no panorama artístico nacional e internacional, e um percurso que, indubitavelmente, deixou a sua marca na história da dança contemporânea portuguesa.
Iniciou os seus estudos de dança com sua mãe Luna Andermatt. Estudou piano e educação musical, até ir para Londres, em 1980, para aprofundar os seus estudos na área da dança no London Studio Centre, onde se graduou em 1984. Recebeu a Bolsa Bridget Espinosa, atribuída anualmente apenas a um aluno, bem como a distinção “The Best Student Award”. Nesse mesmo ano obtém o diploma completo da Royal Academy of Dance de Londres.
Foi bolseira do Jacob’s Pillow Dance Festival (Lee, Massachussets, 1988), do American Dance Festival – International Choreographers Residency Program (Durham, 1994) e do Bates Dance Festival (Maine, 2002).
O seu interesse pela área do teatro levou-a a estudar “O Método de Interpretação para o Ator”, desenvolvido nos palcos norte-americanos nas décadas de 1930 / 1940, com os formadores Michael Margotta e Robert Castle.
Integrou entre 1984-88 a Companhia de Dança de Lisboa (dirigida por Rui Horta), e entre 1989-91 a Companhia Metros, em Barcelona (companhia de autor de Ramón Oller).
Em 1991 volta a estabelecer-se em Portugal e cria a sua própria Companhia, atualmente designada como ACCCA – Associação Cultural Companhia Clara Andermatt.
Em 1994 inicia uma forte relação com Cabo Verde, cria vários projetos com intérpretes locais, ações de formação e colaborações com artistas de diferentes áreas, que culminam numa série de residências, projetos e espetáculos. Uma colaboração especialmente intensa durante sete anos consecutivos e que perdura até hoje.
É regularmente convidada a criar para outras companhias, a lecionar em diversos estabelecimentos de ensino, e a participar como coreógrafa nas áreas do cinema e teatro. Ao longo da sua carreira coreografou mais de 60 obras, regularmente apresentadas em território nacional e no estrangeiro.
Assina quatro peças para o Ballet Gulbenkian (entre 1996-2004) e é convidada pela Companhia Nacional de Bailado a coreografar três espetáculos (entre 2011-2021).
Na área do cinema colaborou como coreógrafa em “Nha Fala”, de Flora Gomes (Guiné-Bissau 2002) e em “O Grande Circo Místico”, de Cacá Diegues (Brasil 2018). Teve uma participação especial como atriz em “Alice”, de Marco Martins (Portugal 2005).
Desde 2015 que, a partir de um convite da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, faz a direção artística do projeto “LaB inDança”. Uma iniciativa de dança inclusiva também apoiado pela 3ª edição do programa PARTIS (Práticas Artísticas para a Inclusão Social), da Fundação Calouste Gulbenkian (2019-2022).
Um percurso marcado pela viagem, pelo encontro com outras culturas e outras linguagens artísticas, que conduz os seus projetos para zonas de fronteira entre formatos e estilos, entre o corpo treinado e não treinado, num desejo de aproximação ao Outro, procurando sentir e perceber a singularidade de cada indivíduo. Com uma linguagem muito própria, o trabalho de Clara Andermatt assenta numa dupla dimensão: artística e inclusiva.
Fotografia: Telmo Ferreira.