Em 2021 continuamos a dançar determinados

Continuar.

Entramos neste novo ano conscientes que a incerteza se mantém, mas sabendo que a tornaremos força e determinação para continuar.

É precisamente com essa determinação que nos caracteriza que iniciamos este segundo trimestre da temporada 20/21, regressando a programas que marcam o nosso ano de 2020. Em Almada, apresentamos o programa Trabalhos de Casa com as coreografias dos bailarinos da CNB, Xavier Carmo/Henriett Ventura e Miguel Ramalho, que tão prontamente responderam ao desafio de criar no período imediatamente após confinamento, e perante restrições que juntos fomos descobrindo. Regressamos também ao programa Dançar em Tempo de Guerra que nos vimos obrigados a suspender quando, em março de 2020, o confinamento resultante da pandemia nos levou repentinamente para casa.

Dançar em Tempo de Guerra convoca dois nomes maiores da história da dança, Martha Graham e Kurt Jooss, e remete-nos para a tragédia da guerra do início do século XX. Chronicle de Martha Graham, criada em 1936, é a primeira obra desta coreógrafa a integrar o repertório da CNB. A Mesa Verde de Kurt Jooss, de 1932, volta a ser dançada pela Companhia 34 anos após a sua última apresentação em Lisboa. É também em Lisboa que o programa se apresenta no início de fevereiro seguindo depois em digressão, até início de março, pelo Porto, Aveiro e Vila Nova de Famalicão.

No Teatro Camões, este programa é acompanhado pela exposição do artista visual André Guedes que projeta nos três pisos do foyer deste Teatro, as obras de Graham e Jooss como se de uma “folha de sala expandida” se tratasse.

Continuamos a nossa visita ao Planeta Dança que invade o palco do Teatro Camões com dois novos capítulos (terceiro e quarto) levando-nos numa viagem entre o século XVII e o início do século XX.

O Programa de Aproximação à Dança traz novas propostas. Continuamos, a par e passo, a desenvolver projetos de mediação. Continuamos a abrir as portas da casa da Companhia Nacional de Bailado convidando à descoberta do que está para lá da cortina.

O sucesso de iniciativas como os ensaios abertos e as aulas públicas dos bailarinos da CNB, comprovam que a adesão e a curiosidade do público são para nós motivos para continuar um caminho traçado de modo consciente e responsável na importante partilha de um maior conhecimento sobre esta arte da dança.

Neste trimestre damos início a duas novas atividades que encontram o seu motor nessa partilha de conhecimento, encaminhando-nos pelo pensamento e discussão em torno da dança: as conversas pré-espetáculos, conduzidas pela jornalista Cristina Peres, com início durante o programa Dançar em Tempo de Guerra, e um novo curso teórico, Em termos da dança, orientado pela Professora Maria José Fazenda, que percorrerá a programação da CNB, mas não só, convidando-nos a descobrir como diferentes dimensões desta arte se articulam entre si.

Em 2021 continuamos a dançar determinados.

Continuamos a fazê-lo em segurança.

E continuamos a acreditar que a nossa Companhia continua a ser a sua.

 

Sofia Campos

Diretora Artística